segunda-feira, 8 de junho de 2009

Prática do Conhecimento


Ciência e caridade. Pablo Picasso, 1897
Museu Picasso, Barcelona


Nos dias atuais é difícil desvincular a imagem do profissional da saúde sem o jaleco ou outra vestimenta na cor branca, entretanto na história da medicina a cor branca e o jaleco são recentes.

No livro “A Vida e Obra de Semmelweis”, escrito pelo romancista francês Louis Ferdinand, narra que os jalecos eram de cor escura e quanto mais manchado de sangue fosse o avental, mais respeitado o profissional seria pela comunidade, indicando muitos feitos na profissão.

Semmelweis (1818-1865) foi um médico húngaro famoso por descobrir métodos eficazes contra a febre puerperal, que é o nome da doença que matou milhares de mulheres e crianças em maternidades, no início do século XIX, no puerpério, período logo após o parto. Entre dez mulheres uma ou mais morriam após o parto, nas fases mais intensas da epidemia, todas as mulheres que entravam no hospital saiam mortas. Parto em casa, feito por parteiras raramente era seguido de febre puerperal.

A causa inicial da infecção se dava pela entrada de germes por meio de mãos sujas, instrumentos cirúrgicos contaminados, roupa infectada. Com úteros feridos logo após o parto tornava-se fácil ocorrer uma infecção, parece uma conclusão óbvia, entretanto, na época pouco se sabia de infecções e microorganismos. Observe uma frase do diário de Semmelweis sobre algumas teorias para o problema:

Dezembro de 1846. Por que é que tantas mulheres morrem com esta febre, depois de partos sem quaisquer problemas? Durante séculos, a ciência disse-nos que se trata de uma epidemia invisível que mata as mães. As causas podem ser a alteração do ar, alguma influência extraterrestre, ou algum movimento da própria Terra, como um tremor de terra.”

Semmelweis observou a morte de seu amigo, com os mesmos sintomas da febre puerperal, logo após um pequeno acidente com o bisturi que dessecava cadáveres, com observação afiada, concluiu que a febre puerperal poderia ser transmitida pelo contato, Semmelweis propôs a lavagem das mãos entre procedimentos, conseqüentemente houve grande redução de mortes.

A partir de hoje, 15 de maio de 1847, todo estudante ou médico é obrigado, antes de entrar nas salas da clínica obstétrica, a lavar as mãos, com uma solução de ácido clórico, na bacia colocada na entrada. Esta disposição vigorará para todos, sem exceção”.

Semmelweis ao obrigar os médicos e estudantes de medicina a lavar as mãos foi expulso do hospital e obrigado a deixar Viena. Magoado pela indiferença dos colegas começou a escrever cartas abertas aos obstetras denunciando as irresponsabilidades e culpando-os pelos assassinatos foi chamado de louco, e morreu depois de ser internado em um hospital Psiquiátrico.

No século XX, com a descoberta de novas doenças e grande avanço na ciência médica, o jaleco branco, definitivamente, passa a ser uma vestimenta de proteção e conseqüentemente, passa a ser símbolo de identificação do trabalhador da saúde. Porém, esse conceito de bom senso, atualmente é visto como identificação/uniforme e conseqüentemente, e apenas em segundo plano, de proteção para o profissional da saúde.

No Brasil, em 1978 a portaria número 3.214, do Ministério do Trabalho e Emprego regulamenta entre outras normas a Norma Regulamentadora NR 6 – EPI, considera-se Equipamento de Proteção Individual, como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a saúde do trabalhador.

Os jalecos ou aventais devem ser de mangas longas, devendo cobrir além dos braços, o dorso, as costas e as pernas acima dos joelhos. Devem ser lavados periodicamente, a fim de remover sujidades e contaminantes. Os jalecos reutilizáveis, assim como todos os outros EPI’s, quando provenientes de áreas de risco, devem ser descontaminados, por meios químicos ou físicos, antes de serem encaminhados para a lavagem. Devem ser guardados corretamente para assegurar maior vida útil e eficiência.

Assim como todos os Equipamentos de Proteção Individual, os jalecos devem ser testados e aprovados pela autoridade competente para comprovar sua eficácia. O Ministério do Trabalho e Emprego atesta a qualidade dos EPI disponíveis no mercado brasileiro através da emissão do Certificado de Aprovação (C.A.).

O fornecimento e a comercialização de qualquer Equipamento de Proteção Individual, sem o Certificado de Aprovação, são considerados crime e tanto o comerciante quanto o empregador ficam sujeitos às penalidades previstas na lei. No site do Ministério do Trabalho e Emprego encontra-se disponível todos os fornecedores cadastrados para fabricação e comercialização de quaisquer EPI.

O Comitê Brasileiro de Equipamentos de Proteção Individual - CB-32 é o comitê criado pelo Conselho Deliberativo da Associação Brasileira Normas Técnicas - ABNT, para a elaboração e revisão das Normas de EPIs.

No século XX, com a descoberta de novas doenças e grande avanço na ciência médica, o jaleco branco, definitivamente, passa a ser uma vestimenta de proteção e conseqüentemente, passa a ser símbolo de identificação do trabalhador da saúde. Porém, esse conceito de bom senso, atualmente é visto como identificação/uniforme e conseqüentemente, e apenas em segundo plano, de proteção para o profissional da saúde.


Um comentário:

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